22.4.09

Dia da Terra: Narrativa de Diana Garcia

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A Grande Conversa

Há imagens que nos dizem muito mais que mil palavras e esta é e sempre será, uma imagem inesquecível na nossa memória. O mar e a terra.

É na terra que tiramos grande parte da nossa sustentabilidade. Ora vejamos, é lá que podemos semear todos os produtos hortícolas indispensáveis à nossa alimentação, é também na terra que podemos criar os animais que nos servem de sustento mas…, o mar também é a nossa terra, como diz Zé pescador.

- Ora essa! Ó tio Zé, como é que podes afirmar que o mar também é a nossa terra?

- Ó Joãozinho, vou contar-te porque digo isto. Assim como da terra tiramos todos os produtos hortícolas e a carne, também é do mar que tiramos todo o peixe que é muito bom para a nossa alimentação. Sabes, Joãozinho, é por esse mar fora que partem barcos com homens à procura do seu sustento e dos seus familiares. Quando o mar está mau ficam em terra a aguardar melhores dias, mas muitas e muitas vezes arriscam mesmo a sua vida para, que nada falte às suas famílias.

- Ó tio Zé, mas… mas é só o peixe que eles vão ao mar procurar?

- Ó Joãozinho, há muitos e muitos anos o homem do mar ia também à casa da Baleia e…

- Ó tio Zé! Baleia! Já ouvi que as baleias são animais muito, mas muito grandes! Como é que eles os apanham? E para quê?

- Olha, Joãozinho, eles tinham uns botes muito compridos e atiravam-lhes umas lanças e elas ficavam presas a umas cordas muito fortes, e eles faziam isso, porque os seus ossos e a sua carne davam muito dinheiro a ganhar. A carne serviria para fazer buanas que depois iam alimentar os animais e também utilizavam como alimento para o ser humano. Com os ossos faziam várias peças de enfeite como por exemplo: brincos, colares, pulseiras, anéis, pratos de vários tamanhos e feitios e ainda porta-chaves.

- Ó tio Zé, mas hoje já não apanham as baleias?

- Não, Joãozinho, porque é proibido, pois elas estão em via de extinção, ou seja já existem poucas.

- Mas eu gostava de as ver!

- Sim, sim, podes ir por esse mar fora, passar além dos ilhéus e vais lá bastante para longe e aí poderás observá-las atentamente.

- Ó tio Zé, os ilhéus são pedras?

- Sim, Joãozinho, são pequenas elevações de terra e pedra que estão ali mo meio do mar e que tanta beleza nos dão a estas duas ilhas.

- Mas, como foram elas ali parar!?

- Sabes, Joãozinho, estamos numa ilha formada por um vulcão antigo, ou seja aquelas pedras a que chamamos ilhéus, conhecida uma por ilhéu deitado e outra ilhéu em pé são alguns dos vestígios da antiga erupção vulcânica. Nestas nidificam inúmeras aves marinhas. Que belo é desfrutar de um passeio mar abaixo até à ilha vizinha contemplando a bela paisagem quer do Pico quer do Faial, são paisagens que nos enchem a alma.É vê-las ao despertar da aurora ao toque das primeiras ave-marias, quando o sol esbelto e poderoso, com seus fortes e incandescentes raios que se espelham na água, a disputarem entre si. O Pico acha-se o maior, ou não fosse ele a mais alta elevação de Portugal. Autoritário, forte, verdejante e bravo eleva-se e estende-se desde dois mil e tal metros até ao nível do mar onde as ondas calmas, serenas ou alterosas espumantes dia a dia, hora a hora a vem beijar saudando-a, cortejando-a, como a uma majestade real. Mesmo assim sente-se irmã da ilha vizinha que lhe fica em frente, Faial. Sente-se pai e mãe dos dois ilhéus que namoriscam aqui mesmo em frente à vila da Madalena.

– Ó tio Zé estou a gostar imenso do que me está a contar, mas diz-me lá de qual das duas ilhas gostas mais?

– Gosto das duas, pois não te esqueças que sou o Zé pescador, pesco nas duas, só não gosto quando as vi discutir entre si pois a ilha do Faial dizia:

- Sou a mais importante, pois sou cidade, tenho mais casas, mercado municipal, casa de teatro, hospital, aeroporto, marina com iates de todo o mundo, praias, o jardim botânico com todas as plantas endémicas dos Açores, a caldeira onde se realiza a festa de S. João, o magnífico areal do Vulcão dos Capelinhos e ainda a Assembleia Regional onde todas as forças políticas se reúnem para organizarem o dia-a-dia de todos os açorianos.

Retorquiu a ilha do Pico:

- Ah! Ah! A! Isso é o que tu pensas. Tenho já bastantes habitações, a indústria da conserva, queijarias, museu dos baleeiros, do vinho, de artesanato, lagoas, furnas, grutas e a escalada à montanha mais alta de Portugal. Também tenho o aeroporto e de futuro terei um bom hospital e olha lá não te esqueças que já há longos anos eram os picarotos que te levavam a alegria de viver, com uma boa Chamarrita e o licoroso vinho do Pico, porque como este não tens por aí, ou não sabes que o nosso vinho é conhecido já na Europa e no Mundo? Pois a nossa paisagem vitivinícola é Património Mundial. E para além disso não te esqueças que muitos dos meus habitantes dão o seu contributo com seus trabalhos aí na terra!!!

Disse novamente a ilha do Faial:

- Oh, minha amiga ilha do Pico, então não te lembras que quando os picarotos traziam vinho levavam consigo o milho, que servia para a base da alimentação especialmente dos pobres?

Opinou a ilha montanha calmamente:

- Sim! Sim! Eu não me esqueço disso e sei que não podemos viver uma sem a outra…

Joãozinho – Então podemos concluir que estas ilhas são praticamente irmãs, que vivem de mãos dadas numa maré viva neste imenso e ondulante oceano Atlântico. O meu sonho seria ser arquitecto para projectar uma ponte pela qual fosse possível a ligação entre elas de preferência a pé, de bicicleta, trotineta ou a cavalo. Para que se evite a poluição atmosférica causada pelos excessos de automóveis que tanto danifica o Mundo.


Diana Garcia, 8.º B

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